Antes de mais convém esclarecer que, de um ponto de vista estrutural e de equilíbrio financeiro no médio/longo prazo, a aposta em jogadores formados localmente faz todo o sentido. Dito isto, vamos à questão desportiva:
- Rapazes de 18, 19 ou 20 anos estarão prontos para entrar no plantel e ser competitivos de imediato? Salvo raras excepções, não.
- Se um jogador se evidenciar, tal como tem acontecido com Gonçalo Guedes, Renato Sanches e Nelson Semedo, terá o Benfica capacidade para os manter até que atinjam a plenitude das suas capacidades? Não. Tanto clube como jogador dificilmente resistirão a uma mega-oferta; veja-se o (triste) exemplo do que sucedeu com Bernardo Silva.
- Gostamos de malhar no zporting mas eles também devem ser vistos como exemplo nesta matéria: formaram Nani, Ronaldo, Figo, Futre, Simão, Quaresma, etc... títulos? Zero.
Significa isto que devemos abandonar a aposta nos jogadores formados no Seixal? Obviamente que não, mas esta deve ser complementada com a contratação de jogadores de outros mercados que tragam qualidade e experiência. É este o ponto chave da questão: os jogadores a contratar deverão trazer indiscutível qualidade com impacto imediato. De que vale gastar 10M em 10 jogadores com baixíssima probabilidade de retorno quando temos jogadores do Seixal com qualidade suficiente para, no mínimo, ser jogadores de rotação no plantel? Não será preferível pagar 10, 15 ou 20M por um ou dois grandes jogadores e aumentar o nível geral da equipa?
Posto isto, a aposta nos nossos jovens faz sentido se for feita com cabeça e de forma sustentada. Estes devem ter espaço no plantel mas, ao mesmo tempo, não podemos descurar as necessidades de reforço da equipa devido a uma aposta cega no Seixal... nem todos os nossos atletas têm estofo físico e mental para jogar sempre para ganhar e com pressão máxima.