25/08/2015

Nick Hornby e o Arouca X Benfica

Aproveitei alguns dias de férias para finalmente ler o "Fever Pitch", de Nick Hornby, um livro obrigatório para qualquer adepto de futebol. Os relatos de alguns jogos e a natureza da relação daquele adepto e o seu clube (Arsenal) é espantosamente parecida à minha com o Benfica e, acredito, à de muitos adeptos de futebol com os seus respectivos emblemas.
É estranho como colocamos parte da nossa felicidade nas mãos e pés de gente que não conhecemos mas em quem acreditamos porque jogam com as nossas cores. Basta isso. Não é lógico, muito menos racional, mas é assim.

Lembrei-me desta passagem do livro a propósito do Arouca X Benfica deste fim-de-semana. Na realidade, este era um resultado que de certo modo já previa devido ao histórico de falhanços épicos do Benfica em alturas críticas do campeonato, especialmente acentuadas quando os nossos adversários também falham. Havia algum motivo para agora ser diferente? Não, claro que não... e assim foi. Nem se pode considerar o resultado uma surpresa devido às exibições recentes, mas sentimo-nos sempre frustrados quando vemos a equipa a esbarrar contra uma parede à espera que esta se mova.

No que ao jogo diz respeito, foi o costume nestas situações: o adversário marca cedo, estaciona o autocarro e aproveita todas as oportunidades possíveis para queimar tempo e quebrar o ritmo de jogo. O nervosismo instala-se, no campo e na bancada, e os erros e falhanços sucedem-se. Tudo isto, claro, com a bênção de um árbitro de fraca personalidade e sem critério.

Na verdade deixei de prestar atenção à partida desde os 60min... Já adivinhava um desfecho negativo devido à inoperância da equipa. E é precisamente isto que me preocupa neste momento: não me parece que a equipa esteja a assimilar as ideias do novo treinador. Vejo anarquia e muito nervosismo em campo, como se os jogadores não acreditassem no que está a ser feito. Não atacamos nem defendemos com eficácia porque o meio-campo não filtra nem constrói. É uma constante correria para a frente e para trás para fechar buracos e ajustar posições e assim, como é óbvio, é impossível apresentar qualidade de jogo.

Na verdade estou tão perdido como Rui Vitória parece estar. Creio que deveríamos jogar em 4-3-3, mas não sei como encaixar Jonas neste esquema... E essa parece ser também a dúvida do treinador. Poderá o nosso melhor jogador estar a prejudicar a equipa por não encaixar noutro esquema táctico?
São dúvidas a mais para esta altura do campeonato e na quinta jornada visitamos o porto. Gostaria de acreditar que as coisas vão melhorar milagrosamente, mas não creio. Parece-me que, tal como o Hornby e o seu Arsenal "chato" dos anos 70, estamos destinados a sofrer este ano. No entanto, como diz o nosso treinador, "se isto fosse fácil era para outros".

Nuno


1 Comentários:

R3D VOLCANO disse...

É basicamente isso...
Não se adivinha tarefa fácil, mas acho que já estava preparado para isso. Quem não o estava era claramente esta direcção.

Agora, temos depositar a esperança num treinador que "herdou uma herança " cheia de cantos e venenos. Precisará de tempo. Tempo que muito provavelmente a maioria dos adeptos não lhe vão querer oferecer.
A pré época não serviu para quase nada, os reforços não são reforços ( ou pelo menos não o foram até agora), a equipa demora a assimilar as ideias, os jogadores não encaixam em mais nada do que um 4-4-2 usado e gasto....

Enfim, a mim como adepto, basta-me apoiar e esperar pelo melhor, mas se acontecer o pior, também estaremos cá para ver.

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